São Paulo, SP

Vômitos excessivos na gestação

Dr Eliezer Berenstein – Clínica Berenstein de Atendimento á Mulher

Certos fatos durante a gravidez, por sua elevada freqüência passaram a ser considerados “fisiológicos” tradicionalmente pela ciência e pelas gestantes. Desejos por alimentos exóticos, denunciavam para nossas bisavós que uma senhora poderia estar gestando.

Até pouco tempo atrás, a cena mais comum que acompanhava uma donzela desconfiando que estava grávida, era um desmaio. Ou mesmo o contrário, em cenas de filmes a donzela desmaiava e todos desconfiavam que ela estava grávida. Depois que o diagnóstico de gravidez passou a ser laboratorial, desmaios em jovens grávidas tornaram-se raros.

Costumes definem o que a gestante “deve” ou não sentir no início da gravidez, de tal forma que, quando não ocorrem, é que passam a chamar a atenção de todos. As náuseas e vômitos da gestação, incluem-se entre estes “fatos” que possuem conotação de sabedoria popular. Vômitos gravídicos do primeiro trimestre, são uma sintomatologia da gestação mas não obrigatoriamente uma patologia definida.

Se a gestação é um estado “fisiológico” da mulher, como poderia constituir-se em uma síndrome gravídica? Ou melhor: a hiperemese gravídica poderia ser considerada somente como uma resposta exacerbada aos hormônios, ou aos fatos emocionais mais intensos da gestação inicial?

Por definição sabemos que: sintoma é qualquer manifestação anormal do organismo, como uma dor, fraqueza, febre, diarréia, emagrecimento, hemorragia, etc. Constituindo a expressão fundamental da alteração da saúde e, portanto, o sinal de alarme da doença (Maffei).

Se a gravidez não é uma doença, vômitos do primeiro trimestre não são sintomas e sim manifestações da gestação. Os vômitos da gestação portanto são fatos associados a um estado fisiológico que não a uma doença.

Mas saúde ou estado hígido e doença (do gr.hygieia = saúde) ou estado mórbido (do latim morbus = doença) são dois conceitos abstratos que se opõem e não podem ser expressos em uma simples definição. Podemos dizer que a saúde consiste na harmonia do indivíduo consigo mesmo e com o ambiente, que se traduz pelo bom aspecto não só morfológico como também das suas manifestações sociais. Saúde é um estado subjetivo que só o próprio indivíduo a pode exprimir, manifestada pelo apetite, isto é, prazer em comer, disposição ao trabalho físico e intelectual, às diversões, enfim as relações humanas (Maffei).

Por este enfoque, a gestação não preenche nenhum destes quesitos, pois o apetite está alterado, a disposição ao trabalho é menor na gestante, que geralmente mergulha em um estado de “alienação” do mundo, neuroticamente quase, voltando-se para o próprio umbigo, ou melhor, para seu próprio feto.

Doença ou estado mórbido é qualquer alteração aparente da normalidade em que vivemos, podendo ser mais ou menos grave, como, por exemplo, o estado de coma, ou então, uma dor de dente (Maffei).

A doença pode se apresentar em qualquer época da vida, desde o momento do nascimento até a velhice. Na linguagem médica ela é designada pelo sufixo “patia” acrescentando o nome do órgão, em grego; assim fala-se em cardiopatia, para indicar doença do coração, etc. Se a gravidez não é uma uteropatia, fica claro que os vômitos gravídicos também não são sintomas de uma doença ou moléstia (moléstia é o complexo de alterações funcionais de caráter evolutivo, que se manifestam no organismo submetido a ação de causas estranhas contra as quais ele reage).

Seres vivos estão sujeitos a estímulos de toda natureza no meio ambiente em que vivem, e são também hereditariamente aparelhados para reagir a esses estímulos por meio de diversos mecanismos que agem automaticamente para restabelecer o equilíbrio com o meio o que constitui a homeostasia.

Em outras palavras, o organismo dos seres vivos está constantemente pondo em jogo mecanismos de adaptação e de compensação de suas funções às variações do ambiente externo, a fim de manter o equilíbrio funcional que representa a saúde.

Aqui encontramos a chave para definir melhor hiperemese gravídica: hiperemese gravídica define-se como a situação em que os vômitos da gestação alteram a homeostesia da mulher grávida.

Etiopatogenia – Como muitas das situações na gestação, a hiperemese tem múltiplas teorias a respeito de suas causas. Fatores emocionais anteriores a gestação, como personalidade, estrutura psico-familiar ou histórico pessoal, podem servir para complicar a resposta da gestante aos seus hormônios fisiológicos.

Conflitos atuais, quanto ao estar grávida e suas implicações com a vida futura, desequilibram a homeostase psíquica, principalmente em grávidas imaturas. A situação conjugal e a personalidade do parceiro podem ser agravantes ou atenuantes, mas necessitam avaliações lúcidas por parte do médico para serem bem encaminhadas. A influência dos hormônios gravídicos não pode ser negada como fator agravante, mas a literatura é unânime em afirmar que não pode ser interpretada como causa exclusiva da hiperemese gravídica.

Fisiopatologia – Vômito é um fenômeno reflexo que se manifesta através do sistema reticular particularmente, ligado a um centro localizado na medula (bulbo) e provavelmente ao labirinto. O centro bulbar estimula os numerosos nervos aferentes e é, por sua vez, excitado por influxos vindos do estômago ou qualquer parte do corpo, bem como substâncias químicas contidas no sangue, finalmente por intermédio de transmissores nervosos.

O vômito resulta pois de uma ação conjunta dos músculos do estômago, esôfago e parede abdominal coordenados pelos centros nervosos bulbares e por intermédio do sistema reticular com o cérebro visceral e córtex. É um ato reflexo e como tal pode ser produzido exclusivamente por mecanismos condicionados, oriundos de traumas da infância ou atuais.

A hiperemese gravídica é oriunda da excitabilidade do sistema reticular, provocado por fatores psicológicos, hormonais ou então por distúrbios metabólicos.

Vômito é um fenômeno reflexo que se manifesta através do sistema reticular particularmente, ligado a um centro localizado na medula (bulbo) e provavelmente ao labirinto. O centro bulbar estimula os numerosos nervos aferentes, e é por sua vez excitado por influxos vindos:
– do estômago
– outras áreas do corpo através de vários aferentes nervosos
– substâncias químicas contidas no sangue tais como hormônios, toxinas, ferormônios e odores
– finalmente por intermédio de transmissores nervosos internos do SNC

O ato do vômito resulta de uma ação conjunta dos músculos do estomago, esôfago e parede abdominal coordenados pelos centros nervosos bulbares e por intermédio do sistema reticular.
– Puramente psicológicos circunstanciais ou por mecanismos inconscientes profundos.
– Estímulos hormonais da gestação associados a uma hipersensibilidade individual idiopática.

Há nestes casos, uma hipersensibilidade daquela gestante a níveis hormonais normais e que em outra gestante não teria estes efeitos. Os sintomas aparecem, em geral na 5ª ou 6ª semana da gravidez e continuam, em geral, durante todo o primeiro trimestre, sendo moderados (enjôos matinais) acompanhados de queimação do esôfago e do estômago (tendo a mesma patogenia) ou severos (vômitos incoercíveis ou hiperemese gravídica). Por que dar-se-ia principalmente nos primeiros meses da gestação?

Tratamento:

  • Estabelecimento de uma relação médico – paciente – cônjuge – família saudável e apoio emocional constante, porém sóbrio.
  • Psicoterapia de apoio com enfoque no que o estar grávida está representando para os personagens.
  • Internação como meio de criar um ambiente seguro e de apoio de uma equipe.
  • Pausa alimentar de 8 horas. Seguida de dieta leve e com alimentos secos.
  • Hidratação.
  • Reequilíbrio hidro-eletrolítico.

Conceito – Quando estes episódios de vômitos são repetitivos e mais intensos em proporção de conteúdo eliminado, comprometendo o metabolismo da grávida, passam a chamar-se de Hiperemese Gravídica (hiperemesis gravidarum). O critério para diferenciar um vômito freqüente para uma hiperemese gravídica, atualmente está ligada ao quadro clínico, porem os exames complementares laboratoriais, muitas vezes é quem vão nos ajudar definir sua gravidade, além dos sintomas e sinais clínicos aparentes. Isto porque algumas gestantes de personalidades mais teatrais ou famílias impressionáveis, dificultam ao médico determinar o grau de intensidade da sintomatologia e gravidade do caso. Exagerar quanto ao número ou ao conteúdo do material vomitado para chamar a atenção da platéia é comum nestas famílias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, H. A. M. – Medicina, sexualidade e natalidade. São Paulo: Fundo Editorial BYK, 1998.
MAFFEI, W. F. – Os fundamentos da Medicina. São Paulo: Fundo Editorial Procienx, 1967.
MALDONADO, M. T. – Psicologia da gravidez. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.
QUEENAN, J. T. – Tratamento da gravidez de alto risco. São Paulo: Lemos Editorial e Gráficos, 1993.
TEDESCO, J. J. de A. – A grávida: suas indagações e as dúvidas do obstetra. São Paulo: Editora Atheneu, 1999.

Acesse o site na Clínica Berenstein de Atendimento á Mulher: http://www.tpm.com.br

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Comentários (2)

Você pode me ajudar !! estou me enquadrando nesta situação !!!

disse:Je1 vim nesse blog e gostei muito. Quanto ao aussnto do post e9 extremamente pertinente. c9 um problema cada vez mais comum que afetada tanto a escola pfablica quanto a particular, acho q e9 chegada a hora de comee7ar a se pensar em algo para que essas meninas ne3o percam o ano. A escola tem que se adaptar, ou melhor, encontrar uma forma de auxiliar essa menina.

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